Nós é que agradecemos, irmã Rosarita! Repouse em paz. Noventa e um anos de vida, setenta de vida religiosa da menina, mulher, irmãzinha da Imaculada Conceição, a irmã Ro, Ana Stolf, de Rodeio, que alfabetizou gerações no Jardim da infância Padre Rossi. E música, coral… vai deixar saudades!
NEOTRENTINO: O ilustre Professor Sebastião Dell’Antonia, nasceu em Nova Trento-SC, em 11 de novembro de 1909. Filho de Sebastião Dell’Antonia e de Maria Sartori, de origem Italiana, proveniente da comunidade de Fregona, província de Treviso na Itália. ESCOLARIDADE: Realizou seu estudo primário na cidade natal. Em 1919, seus pais o encaminharam para o Juvenato, – internato – São José na cidade de Mendes/RJ, onde concluiu o Ginásio, o curso Normal e Teologia. PROFESSOR: Em 1932, transferiu-se para Varginha – MG, iniciando sua vida profissional como professor. Lá lecionou para o magistério no Colégio Coração de Jesus, e, em 1933 mudou-se para São Paulo para lecionar em um colégio na Praça da Sé. No ano seguinte transferiu-se para a cidade de Guarulhos e lecionou teologia em um colégio da ordem. RETORNO – APOSENTADORIA: Retornou a Nova Trento para junto de sua a família e lecionou no Colégio São Luiz. Novamente transferiu-se, agora para Joinville, em seguida para Guaramirim, Concórdia e posteriormente, em 26/05/1937, com a matrícula nº 0261254/01 se efetivou na Escola Estadual Desdobrada do Distrito Caturaí, como professor e lá permaneceu até sua aposentadoria. MUDANÇA: Mudou-se junto com a escola para o local denominado Sombrio, onde hoje está a casa do Sr. Santo Luca. DIRETOR: Em 1954, o governo de Nereu Ramos inaugura a Escola Estadual Urbana de Alfredo Wagner e por apresentar um belo currículo como normalista e seminarista o Professor José Dell’Antonia foi nomeado o Diretor do novo colégio. Assim sendo o Professor, agora primeiro Diretor, sugeriu que o grupo escolar recebesse o nome de Antonio da Silva Jardim por considerar este um grande intelectual, escritor famoso e ainda aderir igualmente à filosofia do positivismo de Augusto Comte. O senhor José Dell’ Antonia lecionou como professor e diretor neste colégio durante 25 anos, nove meses e dezessete dias, se aposentando em 12/03/1963 por apresentar problemas de saúde. DEDICAÇÃO FAMILIAR: Aposentado se dedicou completamente a família. Pai de doze filhos, sendo cinco homens e sete mulheres, gostava muito de falar, expressar os seus conhecimentos e contar histórias do seu tempo de seminário e de professor. Mantinha-se atualizado com os acontecimentos do Estado, do Brasil e do mundo; convicto das suas ideias e pensamentos, arriscava algumas previsões que às vezes se concretizavam como, por exemplo, o fim do regime militar brasileiro. ESPORTISTA : Gostava muito de crianças, esportes, música, natureza, animais e de religião; pai exemplar, era contra os maltrates: seus filhos e amigos de seus filhos eram chamados de nenês. Era um homem muito exigente e fazia questão de acompanhar todos em seus estudos, foi um grande incentivador do esporte amador, em seu terreno, às margens da antiga estrada de Rio do Sul, hoje asfaltado, – a Rodovia SC 302 na localidade de Saltinho desta cidade – mantinha com muito orgulho um campo de futebol amador conhecido como piquete, nome este também sugerido pelo professor por considerar que todos deveriam ficar juntos, lutando por uma causa comum; e que, uma grande vitória só se consegue quando disputada em conjunto e seguindo as regras. ORADOR: Suas sugestões na religião eram muito respeitadas até mesmo pelos padres da época. Por ocasião de uma grande reunião acontecida por volta de 1960, frei Agatangelo, frei da Igreja Católica daquela época, solicitou ao professor José Dell’antonia que proferisse algumas palavras acerca do encerramento das Santas Missões daquele ano, após o relato todas as pessoas se levantaram o aplaudiram incansavelmente pelas sábias palavras proferidas por ele, o orador. PROFESSOR DIFERENCIADO: Quando ainda jovem o professor José Dell’Antonia, ficou muito conhecido na região de Nova Trento e nas redondezas como o professor diferenciado, de muitos conhecimentos e de boa fala, aceitando convite de um amigo para irem à localidade de Vargedo, por ocasião de uma carreira de cavalos onde estariam reunidas muitas pessoas, incluindo os jovens da época. FUTURA ESPOSA: Neste evento, o jovem professor José Dell’Antonia foi apresentado a Srtª Bertolina Andersem Kalbusch, que saia muito pouco de casa porque precisava cuidar da sua mãe que era portadora de uma enfermidade grave. Ela, através de relatos de seus amigos e parentes, já tinha conhecimento da existência do professor. No primeiro encontro, ambos ainda constrangidos, nada de especial é dito, poucas palavras saíram da boca do jovem professor, somente perguntou se ela era da região de Florianópolis. Tal era a sua apreensão frente ao galanteador, lhe respondeu que não, que, era dali mesmo, e assim o assunto terminou. Mas a vontade de se encontrarem novamente não, então em outra oportunidade o professor decidiu procurá-la sozinho. A distância era longa e em uma certa altura da viagem, à frente de uma residência que também apresentava características de um armazém, verificou um belo cavalo bem encilhado, amarrado no portão, parou e iniciou uma conversa com um senhor que estava ao lado do animal. Elogiando aquele cavalo que era muito bonito perguntou se estava à venda, a resposta do homem foi direta: “o cavalo é meu e não está à venda”; O professor então, com boas maneiras e um bom argumento, que lhe era peculiar, após uma breve conversa convenceu aquele senhor a lhe vender o animal assim como se encontrava. Após serem feitos os devidos acertos, pegou o cavalo e orgulhoso continuou a viagem, perguntando para uns e para outros até que achou a casa da jovem Bertolina. Lá chegando foi recepcionado por ela mesma, a qual o informou que naquele dia, novamente ocorreria uma carreira de cavalos. Ficou contente! Bem humorado e agora equipado, o professor informou que também participaria das corridas, embora soubesse que não iria ganhar, pois não era acostumado a andar a cavalos, porém sabia que precisava impressionar a jovem Bertolina e aquela era a oportunidade. Após as disputas, se constatou que ele não ganhou, mais impressionou! A sua participação ficou registrada pelas pessoas do evento como cavaleiro sorridente, alegre e bem humorado. Já no terceiro encontro dos enamorados ocorreu o casamento. CASAMENTO: Seu José e a jovem Bertolina, finalmente se casaram e deste casamento nasceram doze filhos, sendo cinco homens e sete mulheres. ESQUECIMENTO: As suas transferências de cidades em cidades sempre acompanhado da sua esposa e agora com filhos, eram muito difíceis: naquela época não existiam boas estradas, bons meios de transportes, os alojamentos eram precários e escassos. Em uma destas transferências, de manhã muito cedo saíram meio apressados, pois o casal e os filhos não perderiam’’ a carona com um caminhão; a pressa resultou no esquecimento de um dos filhos no hotel; quando perceberam já estavam a aproximadamente cinco Quilômetros de distância. A filha Odinéia havia ficado para trás. Pediram para o condutor parar, voltaram todos e pegaram a menina, dando continuidade a viagem cujo destino era Concórdia – SC. CANSAÇO – MUDANÇAS – PRIMEIRA CASA: Quando o professor José Dell’Antonia chegou pela primeira vez na nossa cidade, na antiga Barracão, se instalou em uma casa rústica que mantinha um engenho de cana de açúcar de propriedade do senhor “João Imigrante”, como era conhecido. A localidade era as margens do rio Itajaí-Açu; dista três km do local onde ele lecionava. Este imóvel mais tarde foi vendido, o novo proprietário tomou posse das terras e o professor mais uma vez foi obrigado a se mudar. Cansado de tantas mudanças e com muito sacrifício adquiriu uma gleba de terras, próximo a Cascalheira, construindo com muito esforço a sua primeira casa onde acolheu toda a sua família. PROFESSOR: Neste momento já tinha todos os doze filhos, levantava bem cedo e se dirigia a pé para dar aulas no centro da cidade; voltava ao meio dia, almoçava e novamente retornava, onde lecionava até a noite. Um de seus filhos lembra emocionado que todos os dias ele e seus irmãos iam para a curva da estrada esperar o seu pai. Quando o avistavam de longe, já o reconheciam pelo seu traje: sempre de gravatas e bem vestido. Bem humorado e de cabeça erguida corria para abraçar seus filhos. Às vezes embarcava no carrinho de rodas de madeira e a seu pedido todos os filhos saiam empurrando o brinquedo com o pai em cima. Juntos comemoravam e eternizavam com alegria aquele momento. PROFESSOR AGRICULTOR: Nos momentos de folga convidava os filhos para buscar capim e alimentar as suas vacas; delas retirava o leite, para fazer queijos que vendia para ajudar no orçamento da família. REZA – REFEIÇÕES: Nas refeições todos sentavam ao redor da mesa, e após as orações repartiam uma grande polenta postada em seu centro: usando pratos de barro devoravam a polenta com leite até não poder mais. MUSICA: A música sempre lhe chamou a atenção e assim os filhos foram crescendo com uma tendência a esta arte, alguns até arriscaram compor alguns versos. Quando algum filho pegava um instrumento para tocar, o professor logo o seguia e entusiasmado sentia prazerosamente as notas musicais, principalmente ao som do acordeom. EDUCADORES – SOLIDARIEDADE: Em 1932 O Professor José Dell Antonia se solidariza ao grupo de educadores que lançou à nação o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, redigido por Fernando de Azevedo, que culminou no Decreto 21.241, de 4 de abril de 1932, esta consolida a reforma do ensino secundário, visando, segundo Francisco Campos, “a formação do homem para todos os grandes setores da atividade nacional”. O progresso da humanidade depende única e exclusivamente dos avanços científicos, único meio capaz de transformar a sociedade. O professor José Dell’Antonia conviveu e viveu arduamente o pensamento positivista que conhecimento cientifico é a única forma de conhecimento verdadeiro. FALECIMENTO: Faleceu na segunda residência que construiu, junto de seus filhos, noras genros, netos e amigos, no dia 15/04/2000, após ter perdido a visão e um longo período de convalescênça.
Nova Trento se despediu, no dia três de setembro, de um de seus moradores que foi o símbolo da versatilidade: foi pai, avô, estofador, professor de matemática(dos bons), vice prefeito na gestão 2001-2003, um artista de teatro popular (impossível não rir dos seus papéis), uma pessoa que, se tinha problemas, não deixava transparecer e transmitia paz e serenidade onde se encontrava. Aos 79 anos foi se juntar aos neotrentinos “del paradis!” Fez história.
Filho de Francisca Bottamedi e Alberto Bertotti. Pe. Egídio Bertotti, a direita, em: 08/12/1959 foi ordenado padre da arquidiocese de Florianópolis. Junto com seu irmão atuou por longos anos no atual munícipio de Canelinha, SC, onde participaram ativamente do processo de emancipação do município, que pertencia a Tijucas, em dezembro de 1962. Faleceu aos 95 anos. Nos últimos anos residia em Nova Trento, próximo aos seus irmãos na entrada do rua que conduz ao bairro Salto. (A ordenação de seu irmão, o Pe. Luiz Bertotti se deu em: 08/12/1956)
Família de Francisca e Alberto Bertotti(Tino)
Padre Egídio, ao centro, de óculos, no tempo de seminário
Cerimonio de formatura de seu irmão Virgílio Bertotti
Ordenação do padre Luiz
Noticia no jornal O Trentino do dia 11 de agosto de 2023
Fonte: Jonas Cadorin, fotos , arquivo da família Bertotti.
A festa doscem anos de emancipaçao politica de Nova Trento durou uma semana e revelou a riqueza de recursos culturais da cidade. Grupos de danças das escolas, grupos de músicos, corais, artistas individuais… precisamos dar uma olhada para trás e refazermos alguns passos.
Banda padre Sabbatini – 08.08.92 com repertorio e traje típico
Eulina Orsi Silveira -cantora- 08.08.92
Coral Infantil regido pela professora Cleonice Tomasi
Coral infanto juvenil regido pela professora Cleonice Tomasi
Maurilio e Ilca Merizio Mazzola
Valmir Bertotti , revelando seu talento como cantor lírico, tenor
Grupo Folclórico neotrentino (08.08.92)
Grupo Folclórico neotrentino (08.08.92)
Coral infantil sob a regência de Cleonice Tomasi
Cada noite da festa foi dedicada a uma das etnias que fez e faz parte da população da cidade: tiroleses/trentinos, poloneses, sertanejos, alemães. Na foto a noite polonesa com banda Tradycja Polska de Jaraguá do Sul 05.09.92
Noite alemã com a banda Bier Karpele de Brusque (04.08.92)
Noite sertaneja com Renato Borguetti e banda (06.08.1992)
Noite Italiana com o Musical Trentino de Rio do Sul (07.08.92)
Geraldo Mário Piazza *19.12.1040 + 05.02.2014. Residia com sua família no inicio da rua João Bayer Sobrinho. Na parte da frente de sua casa mantinha um consultório dentário onde atuava como prático de dentista e protético. Na época a carência de cursos que dessem conta da demanda fez com que durante muitos anos os práticos atendessem as pessoas que precisavam de atendimento dentário. A profissão era aprendida de algum outro dentista prático ou de ensinamentos básicos que recebiam nos quartéis quando serviam o exército. Em Nova Trento outros dois dentistas práticos se notabilizaram: José Polli e Martinho luchtenberb. Estes profissionais foram de suma importância para comunidade pois questões ligadas a saúde bucal ainda não existiam o que fez com gerações precisassem extrair dentes e substitui-los por próteses(“‘chapas,pontes, pererecas”). Isso sem contar o alívio para dores de dentes que eram recorrentes em quase todas as famílias.
Ester Maria Tonini Piazza (Nenéca) *01.03.1945 + 04.03.2020, esposa de Geraldo, foi dona de casa, mãe de duas filhas e um filho. Sempre esteve envolvida com as causas sociais da cidade. Foi professora, diretora de escola, catequista. Era filha de Elísio Tonini e Benta Battisti Archer.
Fotos: lápides do cemitério central de Nova Trento. Postagem Jonas Cadorin